26 de novembro de 2007

Escritos adiados

11 Novembro - A Câmara Municipal de Sintra decidiu atribuir a Medalha de Mérito Municipal Grau Ouro ao Fernando Pereira, timoneiro da Taverna dos Trovadores. Como tive a oportunidade de dizer em palco, respondendo ao honroso convite que me foi feito para participar no espectáculo de homenagem, a Taverna é daqueles sítios a que sabe sempre bem voltar. Pelo ambiente familiar, pela música, pela maravilhosa picanha, pelas caras conhecidas, pelas caras novas que se conhecem, pelo convívio, pela amizade. Creio que é um sítio único e a cara do Fernando, não esquecendo a incontornável Isabel, toda a equipa que lá trabalha e todos os que por lá passaram ao longo dos anos.
O meu album de recordações está cheio de páginas escritas na Taverna dos Trovadores que bebem do branco ou do tinto a qualquer hora do dia ou da noite. Ali vibrei e fiz vibrar, ali partilhei palcos, ali servi às mesas, ali cruzei madrugadas, ali fiz verdadeiras amizades...
Parabéns ao Fernando, à Taverna e à Câmara de Sintra!

12 Novembro - Já conhecia algumas musica de Seu Jorge, mas não tinha a noção de toda a pujança e vitalidade que aqueles 19 (?!) músicos debitam em palco. Chega a ser devastador. Uma noite que me deixou boquiaberto, curioso por descobrir a discografia. Pontos negativos:
- uma primeira parte de um J.P.Simões desenquadrado e com um som nada condizente com a sua qualidade.
- a maneira como Seu Jorge geriu a parte em que ficou só em palco com a guitarra. Demasiado extensa.
- A ideia da organização de ter retirado as cadeiras da plateia. Aqui o cota confessa que já não aprecia três horas e meia em pé! E logo a uma segunda-feira!!

21 Novembro - A voz do Jorge Palma não estava em bom estado, mas as canções e a muito competente banda fizeram a noite acontecer. Foi bom encostar nele e sentir que enquanto houver estrada para andar, a gente vai continuar a ouvi-lo com todo o prazer...

23 de novembro de 2007

Sugestão

"A noite é minha amante. Tenho com ela uma relação muito particular, desde os 21 anos de idade, altura em que o meu pai morreu e em que toda a minha vida se alterou. Eu passei a trabalhar de noite e não mais deixei de o fazer. Consegui juntar o útil ao agradável: gostava do trabalho que fazia, e ainda faço, e gostava da noite. Noventa e nove por cento das amizades que fiz foram feitas de noite. As pessoas à noite estão mais disponiveis, mais sensiveis, mais autênticas".

A palavra repete-se no discurso e nas canções e não é por acaso que a noite aparece 23 vezes nas letras que escrevem o mais recente disco de Carlos do Carmo: é a essa "senhora" que tanto chega "escura", como "gelada", "traiçoeira" ou "inventada" que Carlos do Carmo, agora, dedica 12 novos fados.

"À Noite", o novo disco de Carlos do Carmo está à venda esta semana com a revista Visão, por apenas 5,95€! Eu já o tenho, ainda não tive oportunidade de o ouvir, mas o grafismo é de muito bom gosto. Na capa pode-se ver uma imagem do fadista, pintada por Julio Pomar (que assina igualmente dois dos poemas musicados no disco!).

Depois de há vinte e cinco anos ter sido o primeiro músico a editar em formato CD, o "charmoso" volta a mostrar a sua constante actualidade e renovação, desafiando novos autores para a escrita (Maria do Rosário Pedreira, José Manuel Mendes, Nuno Júdice, Fernando Pinto do Amaral, Luís Tinoco, Luis Represas e o já mencionado Júlio Pomar) e utilizando novos métodos de distribuição, com preços de venda bem mais condizentes com as condições financeiras da generalidade dos portugueses!

Espero que seja um exemplo a seguir pela indústria discográfica, numa semana em que
foi publicada em Diário da República a portaria que estabelece em 25% a quota mínima de difusão de música portuguesa nos programas de rádio. Os operadores de rádio nacionais ficam obrigados, por lei, a respeitar a percentagem instituída durante o período de um ano.

Fico à espera para ouvir!

Nota: Quanto a eventos, já sabem que hoje estarei em Caneças a lembrar Adriano Correia de Oliveira e Zeca Afonso, muito bem acompanhado pelos meus queridos Fátima e Zé Manel, e que amanhã o RCT está de volta à Taverna dos Trovadores. E que têm à vossa disposição o completíssimo programa de festas do Dionísio, cheio de boas sugestões!
Bom fim-de-semana!

22 de novembro de 2007

De A a Z

Não vamos percorrer o abecedário, mas sim parte da obra de Adriano Correia de Oliveira e Zeca Afonso.

No ano em que se assinalam 20 anos sobre a morte de José Afonso, e 25 anos sobre o falecimento de Adriano Correia de Oliveira, muitas homenagens têm sido protagonizadas por músicos de diversos quadrantes.

Esta não é mais uma, é a nossa. Pessoal e transmissível.

Será amanhã no Restaurante "O Cartaxeiro", em Caneças, pelas 21h.

Apareçam, porque um país sem memória é um país sem futuro!

21 de novembro de 2007

Abertas as inscrições

Terminou mais um enquete (alguém me explica o que isto quer dizer?!), e os sempre atentos leitores do Tubo d`escape escolheram como prémio, um jantar com esse misterioso e periclitante personagem chamado Naia Castro.

Como não podem ir todos, aliás, até podem, mas eu não quero, está aberto um concurso para escolher o vencedor de tão honroso e apetitoso prémio. Para concorrer terão que criar uma frase alusiva ao evento, que será deixada no campo dos comentários deste texto. O distinto juri será composto por mim e por todos os meus heterónimos.

Nota: Registo com agrado que não tenha ganho a opção "Roupa interior usada pelo autor deste blogue", com tristeza que a opção "artesanato das Caldas" não tenha tido qualquer voto, e com surpresa que não tenha ganho a opção "A edição de 23-05-2005 do jornal A Bola".

Hoje é dia de festa!

Hoje temos um aniversariante, e vou-lhe dedicar este fantástico tema do reportório do Carlos do Carmo, aqui com um arranjo do não menos sensacional saxofonista Carlos Martins.



Palavras minhas

Palavras que disseste e já não dizes,
palavras como um sol que me queimava,
olhos loucos de um vento que soprava
em olhos que eram meus, e mais felizes.

Palavras que disseste e que diziam
segredos que eram lentas madrugadas,
promessas imperfeitas, murmuradas
enquanto os nossos beijos permitiam.

Palavras que dizias, sem sentido,
sem as quereres, mas só porque eram elas
que traziam a calma das estrelas
à noite que assomava ao meu ouvido...

Palavras que não dizes, nem são tuas,
que morreram, que em ti já não existem
- que são minhas, só minhas, pois persistem
na memória que arrasto pelas ruas.

Poema: Pedro Tamen
Musica: José Luis Tinoco

16 de novembro de 2007

Sugestões para o fim-de-semana

É já amanhã que o RCT volta ao Marginale, simpático e acolhedor bar do Estoril que nos tem recebido de uma forma muito amigável, e onde temos vivido noites muito agradáveis.

Quanto ao resto, o melhor conselho que vos posso dar é reencaminhá-los para o programa de festas do Dionísio, um guia muito completo do que de cultura e entretenimento vai acontecendo por aí.

Bom fim-de-semana!

Beleza Pura

Não me amarra dinheiro não!
Mas formosura
Dinheiro não!

Não me amarra dinheiro não!
Mas elegância...

Moço lindo do Badauê
Beleza Pura!

Não me amarra dinheiro não!
Mas os mistérios...

Não me amarra dinheiro não!
Beleza Pura!
Dinheiro não!
Beleza Pura!


Vi esta foto e lembrei-me desta música do Caetano...

15 de novembro de 2007

E vão oito!

Deus escreve direito

Deus escreve direito por linhas tortas
E a vida não vive em linha recta
Em cada célula do homem estão inscritas
A cor dos olhos e a argúcia do olhar
O desenho dos ossos e o contorno da boca
Por isso te olhas ao espelho:
E no espelho te buscas para te reconhecer
Porém em cada célula desde o início
Foi inscrito o signo veemente da tua liberdade
Pois foste criado e tens de ser real
Por isso não percas nunca teu fervor mais austero
Tua exigência de ti e por entre
Espelhos deformantes e desastres e desvios
Nem um momento só podes perder
A linha musical do encantamento
Que é teu sol tua luz teu alimento

Sophia de Mello Breyner Andresen

14 de novembro de 2007

RCT na Blogoesfera

Já há muito que se justificava um blogue só para o Rogério Charraz Trio. Principalmente para poder estar mais em contacto com todos vocês, que muito nos têm acarinhado ao longo destes sete meses.

Venham visitar-nos em www.rctrio.pt.vu

12 de novembro de 2007

Seu Jorge






Não tenho pais ricos, e os bancos não me dão nada que não me exijam mais tarde, acrescido de juros. Mas felizmente tenho bons amigos, " e coisa mais preciosa no mundo não há".


Graças ao meu amigo Chico, vou estar hoje no Coliseu dos Recreios a descobrir este Seu Jorge, de quem tenho muito boas referências.

11 de novembro de 2007

Sondagem

Terminou a primeira sondagem Tubo d`escape/Universidade do Desconhecimento.

À pergunta "Gosta do novo revestimento do Tubo?" responderam quinze voluntários, com os seguintes resultados:

O que é que eu ganho em responder? - 8 votos (53%)
Sim, é catita! - 5 votos (33%)
Tens a mania! - 2 votos (13%)
Não, sou muito conservador - 0 votos (0%)

Dando assim voz à maioria, abri nova sondagem.

9 de novembro de 2007

Uma pausa

Para dormir.

Para ler.

Para viver.

Para cuidar.

Para pensar.

Para não pensar.

Para ser.

Para não ser.

PS: Sem patrocínios a chocolates.

5 de novembro de 2007

O Terrorista de Berkeley, Califórnia

O Terrorista de Berkeley, Califórnia é o seu primeiro livro em que a história não decorre em África... Como é que isso aconteceu?
Foi um livro escrito para não ser publicado. Escrevi-o em Berkeley para me divertir e passar o tempo...Estive lá em 2003, um mês e meio, como escritor convidado e, no ano seguinte, durante um semestre, a dar aulas. E, em 2005, passei lá um mês só para dar uma conferência. Ficava no hotel, aborrecido, sem nada para fazer. Já conhecia aquilo tudo, já tinha dado as voltas todas, já estava cansado de ver televisão. E também já não tenho idade para passar 21 horas a andar. De vez em quando, tinha de ir para o hotel descansar. Nas passeatas que fazia, surfiu-me essa ideia e resolvi escrever. Pensei: "Já que estou aqui sem fazer nada, vou contar uma história a mim próprio." E escrevi sem nenhuma pretensão, numas duas semanas. Era uma brincadeira, quase. Escrevia duas ou três horas por dia, quando me apetecia.

Costuma fazer isso, escrever para si próprio?
Há muito tempo que não o fazia. Os primeiros livros que publiquei foram escritos para mim, sem nenhuma obrigação. Nem tinha a mínima pretensão de ser publicado, na época... Mas nunca mais tinha vivido essa coisa de escrever sem nenhuma responsabilidade. Uma pessoa começa a preocupar-se com o público e a crítica... não há essa liberdade de fazer o que se quer e depois deitar fora. Este livro ficou parado quase três anos, mas houve uma solicitação de um texto novo e mostrei-o ao editor, dizendo «este não». E, afinal, o editor respondeu «este sim, este sim». Agora, estou curioso de ver a reacção do público, porque é muito diferente daquilo que fiz...pelo menos, na temática, na localização geográfica, social...

Numa entrevista antiga, disse que já não se surpreende quando escreve. Desta vez, com uma escrita tão livre, surpreendeu-se?
Sim, claro. O fim, por exemplo, foi surpreendente, porque há um tom muito ligeiro durante todo o livro e, de repente, pá! O livro foi escrito assim: do princípio ao fim. E não sabia como a história ia acabar, fui escrevendo. É raro acontecer isso, ultimamente. A partir do momento em que comecei a publicar, comecei a pensar mais no fim das histórias, a sentir uma responsabilidade social, às vezes até política. A surpresa era cada vez menor. Então, tinha também cada vez menos gosto pela história. Escrever era quase já como uma obrigação, era uma profissão, faz-se, como outros vão fazer outra coisa qualquer.

Entrevista concedida por Pepetela à jornalista Gabriela Lourenço, publicada na revista Visão da semana passada.

Pepetela, tem um novo livro. E eu não vou querer deixar de o ler.

2 de novembro de 2007

A forma

Não está esquecido!

É verdade que o tempo tem sido muito escasso e não é menos verdade que o trabalho e a responsabilidade têm aumentado, a agenda está cada vez mais preenchida, têm surgido encomendas para compôr, o que com alguma (pouca!) vida pessoal à mistura, não tem possibilitado grandes avanços.

Mas ultimamente tenho voltado a pensar no desafio a que me/nos propus. Sem tempo para me dedicar ao conteúdo, questionei-me qual a forma mais indicada. Um blog! Melhor... um BLOGUISCO!

Se a ideia surgiu dos nossos encontros na blogoesfera, então que seja aqui mesmo a sua concretização. Será criado um blog onde serão publicadas as músicas, os poemas, os textos, as fotos, os desenhos, tudo!

Continuo à espera das vossas colaborações (lembro que o meu endereço é rogeriocharraz@gmail.com). Vamos precisar de um nome e de um grafismo para o primeiro Bloguisco do mundo!