22 de outubro de 2010

Vamos ficando mais pobres...

Mariana Rey Monteiro. O teatro nacional perdeu uma das suas últimas damas

Tinha 87 anos e morreu na quarta-feira, em casa, de causas naturais

Foi uma verdadeira dama do teatro nacional, com um nome de baptismo a condizer: Mariana Dolores Rey Colaço Robles Monteiro. Vem de uma família de artistas e eruditos que a cercaram de música, literatura e teatro. O avô, Alexandre Rey Colaço, era compositor, e os pais, Amélia Rey Colaço e Robles Monteiro, actores e fundadores da companhia de teatro Rey Colaço-Robles Monteiro, que a partir de 1929 exploraram o Teatro Nacional D. Maria II.

Estreou-se em 1946, sob direcção dos pais - que não queriam que a sua filha fosse actriz -, com a peça "Antígona", de Sófocles, adaptada por Júlio Dantas especialmente para Mariana Rey Monteiro.

Marianinha, como os pais e amigos próximos lhe chamavam, tinha 24 anos e começava assim a sua carreira, com os pais vencidos pelo cansaço, depois de muita insistência.

Seguiram-se inúmeras peças e participações no cinema, onde ganhou um Óscar de Imprensa, em 1962, com o filme "Um Dia de Vida", de Costa Ferreira.

No entanto, nos anos 80, afastou-se do teatro para cuidar da mãe, que acabaria por morrer em 1990. Não foi, contudo, o fim da carreira de Mariana Rey Monteiro, que a partir do momento em que começou a fazer telenovelas se tornou verdadeiramente conhecida do público português, que a passou a reconhecer na rua.

Mariana Rey Monteiro foi casada com o arquitecto Emílio Gomes Lino, com quem teve três filhos e de quem ficou viúva aos 35 anos, no mesmo ano em que perdeu o pai.

reacções O actor João Perry, que contracenou com a actriz em peças como "O Tango" e "Filhos de um Deus Menor", descreve Mariana como "uma pessoa muito simpática, simples no trato com os outros".

O gabinete da Presidência da República, em comunicado no site oficial, também lamenta a morte da actriz: "Foi uma das figuras marcantes do último século." Acrescentando ser um "momento de luto para o teatro e para a cultura nacional". João Mota, encenador e amigo da actriz, com quem contracenou em mais de 20 peças, considerou-a "uma grande actriz, de comédia e de drama e de uma urbanidade espantosa".

Para Tó Zé Martinho, a morte da actriz é "um desgosto enorme": "Mariana Rey Monteiro Monteiro era uma grande mulher de teatro."

Mariana Rey Monteiro morreu na quarta-feira, aos 87 anos, de causas naturais, na sua casa em Lisboa. Deixou dez netos e vários bisnetos. O funeral é hoje às 11h00, no cemitério dos Prazeres, em Lisboa.

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