10 de outubro de 2008

Uma questão de tempo

O Parlamento acaba de chumbar um projecto de lei dos Verdes que propunha o casamento entre homossexuais, e outro do Bloco de Esquerda, que também propunha a adopção por casais homossexuais. Votaram contra PS, PSD e CDS-PP, com excepção dos deputados socialistas Pedro Nuno Santos e Manuel Alegre e do social-democrata Paulo Pereira Coelho.

Sobre o tema do projecto de lei, tenho a dizer duas coisas:

1) É estupidamente ridículo que exista uma lei que diga que todos os cidadãos são livres de escolher a sua orientação sexual, não devendo ser descriminados por isso, mas por outro lado não se reconheçam os mesmos direitos a todos. Por outras palavras, o que o estado diz é "estão à vontade para exprimir a vossa orientação sexual, mas atenção, se forem heterosexuais têm mais direitos!"

2) Quer queiram, quer não queiram, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e o direito de adopção de crianças é apenas e só uma questão de tempo. A verdade vem sempre ao de cimo.

Quanto à votação, lembro que na bancada do PSD (partido supostamente de direita) foi anunciado existir liberdade de voto sobre o tema, tendo-se verificado a abstenção de oito dos seus deputados. Já no PS (partido supostamente de esquerda) foi exigida a disciplina de voto aos deputados, exigindo o chumbo do projecto por alegadamente não ser o momento oportuno para a alteração.

Não existem momentos oportunos para fazer justiça! Esta é mais uma prova que a democracia actual se move por interesses particulares e partidários, minada por cancros como o "calendário eleitoral" e a "disciplina de voto". É por estas e por outras que dificilmente algum dia votarei PS ou PSD.

O meu aplauso aos deputados que votaram a favor, não há disciplina partidária que seja mais importante que a consciência.

Nota: Sobre o mesmo assunto, um artigo notável.

5 comentários:

Maria disse...

Excelente post, Rogério.
É uma hipocrisia, sobretudo quando questões tão sérias como esta ficam dependentes de calendários políticos...

Beijo

zmsantos disse...

E quem é o culpado de deixar a classe política, assim, á solta e a fazer o que bem querem e como querem?
ACERTARAM!!!
Somos todos nós, que nos divorciámos da participação directa dos nossos destinos...

Viva o comodismo, o deixar andar e o sofá da sala!!!

A CONCORRÊNCIA disse...

O tempo pergunta ao Tempo quanto tempo o Tempo tem. ... e o Tempo responde ao tempo que o Tempo tem tanto tempo quanto o Tempo tem!

E assim se adiam decisões que mais tarde ou mais cedo serão tomadas só porque naquele momento os interesses se sobrepuseram ao inevitável ...

Leticia Gabian disse...

Os políticos e a máquina política é a mesma aqui, aí e em todo lugar.

Se eu pudesse, abria escolas para formação de políticos e de eleitores...

Bom início de semana

Princesa Isabel disse...

O direito à diferença é sempre uma "guerra" em qualquer parte do Mundo.
Ninguém entende que cada um tem direito às suas escolhas desde que elas não interfiram na liberdade de outrém.
Este nem devia ser um objecto de legislação específica!
Besos!