12 de maio de 2008

Obrigado, Rui!



Eu nunca tive ídolos. Nunca encontrei nenhum ser humano que não fosse suficientemente imperfeito para que o pudesse idolatrar.

Há, no entanto, um conjunto de pessoas que eu admiro profundamente. Agora que penso nisso, percebo que existe um elo de ligação entre todas elas, apesar de actuarem em áreas diferentes: a sua dimensão humana.

Parece que estou a divagar, tendo em conta o assunto que me leva a escrever, mas não posso falar de Rui Costa realçar a sua dimensão humana. Mais importante que o seu talento para o futebol ou que a sua paixão clubística, é a forma de estar na vida que o diferencia e o torna especial. O respeito com que sempre defrontou os adversários, a maneira como sempre reagiu nas vitórias e nas derrotas, a forma como honrou os clubes que representou, o exemplo que deu ao público, mesmo nos momentos em que esteve “na mó de baixo”, a maneira como lidou com a comunicação social e com o seu sucesso profissional, tudo na sua postura sempre foi grandioso, excepcional, exemplar.

Foi o seu talento inato para jogar à bola que o tornou famoso. Foi a sua paixão, invulgarmente assumida, ao seu clube do coração que o fez ídolo de milhões, mas é a elegância da sua conduta que fará com que perdure na história e na lembrança de todos os que, como eu, o admiram e respeitam.

Rui Costa termina a sua carreira de futebolista com grande parte das suas capacidades intactas. Estou convicto que o faz em prol dos interesses do seu/nosso Sport Lisboa e Benfica, sacrificando mais uma vez o seu desejo pessoal, que passaria, estou em crer, por jogar mais um ano.

Mesmo não conseguindo chegar no início, e com uma dor de garganta que aconselharia ficar em casa, não quis deixar de marcar presença no estádio, num momento tão importante para ele e para o clube. Aplaudi de pé, só saí quando entrou no túnel de acesso aos balneários, e não tenho a menor vergonha em assumir que muitas vezes me vieram as lágrimas aos olhos. Também ele não se envergonhou quando chorou após marcar um golo ao seu clube do coração, momento que tive o grato prazer de presenciar “in loco”.

Espero que a vida me proporcione o gosto de um dia poder dar-lhe um abraço e agradecer-lhe pessoalmente as alegrias que me deu e o exemplo que ajudou a moldar o meu carácter.

Obrigado, Rui!



Nota: Mais uma vez, tive que ouvir um chorrilho de comentários depreciativos a uma das figuras emblemáticas deste clube, que atravessa um mau momento na sua já longa carreira – Nuno Gomes. Lembrei-me dos muitos comentário que ouvi, há pouco mais de um ano, quando Rui Costa, pouco depois de regressar ao Benfica, sofreu uma lesão que o afastou dos relvados por mais de três meses. Que era um chulo, que tinha vindo gozar a reforma, que estava velho, tudo isto e muito mais disseram muitos dos que ontem aplaudiram de pé e gritaram vivas ao Maestro. Espero muito em breve poder vê-los guardar os comentários no saco da incoerência e da cobardia.

5 comentários:

zmsantos disse...

Faço minhas as tuas palavras.
A memória dos homens é muito curta, para dizer bem ou para dizer mal.
Eu conheço o Rui Costa dos tempos em que, já demonstrando um valor nato para jogar, não descurava os amigos e participava com eles em Torneios ditos menores, do Sindicato, por exemplo. Com a mesma alegria e entrega com que sempre pautou o seu profissionalismo.
Dele ficará sempre o seu carácter ímpar, o seu futebol, a sua dedicação!

MisteriosaLua disse...

Pois eu, juntamente com tudo o que vocês os dois já disseram, reitero que O Maestro combina muito bem com as cores do meu quarto... ;)
Para ele, os meus agradecimentos, humanos e vermelhos!

Vasco Ribeiro disse...

Incrível, como gostas tanto de futebol!
Se não fosses gordo até podias ser TREINADOR!

LÀ está, cada um com a sua panca !
Eu continuo a ver filmes porno !
Agora até Tenho Companhia!
Abraço Grande e Amigo .
PREGO!!!!!!!

A CONCORRÊNCIA disse...

O que faz a grandeza de qualquer um de nós são os principios, a forma de estar na vida, a sua dimensão humana, como tu tão bem dizes (a propósito, bonita prosa, hem amiguito!), e acima de tudo mantermo-nos fiéis a tudo em que acreditamos sejam quais forem as voltas que derem as nossas vidas, não é fácil, mas é possível. Se houvesse mais assim talvez o nosso Benfica e o do Rui Costa não estivesse na triste situação em que está. Não se podem fazer uns clonezitos ? Dava um certo jeito não achas ?

Zé dos Anzóis disse...

Eu estive lá, e tal como tu não consegui evitar a lágrima na hora do adeus. Tambem já choro por tanta coisa, que desta vez nem ficou mal chorar um pouco de alegria, por poder partilhar um momento especial com alguem muito, muito especial. Obrigado Rui...
Za