8 de abril de 2008

JBT

Eu sou aquilo que se pode considerar um JBT – Jogador da Bola da Tanga!

Para identificar um JBT é preciso ter em conta dois momentos. Num primeiro momento, sentado no sofá, caracteriza-se por ter a visão de jogo de um Rui Costa, a fantasia de um Ricardo Quaresma, a velocidade de um Simão Sabrosa, a força de um Luís Figo, a elegância de um Ricardo Carvalho, a inteligência de um Nuno Gomes, a resistência de um Petit, e ser tão completo como um Cristiano Ronaldo.

Num segundo momento, equipado a rigor e com a bola nos pés, caracteriza-se por um remate fraco, incapaz de magoar uma criança de dez anos, uma cultura táctica própria de um nabo, uma pontaria equivalente a um frequentador de casas de banho públicas masculinas, um jogo de cabeça só comparável às cabeçadas dos indivíduos que adormecem facilmente no lugar do pendura, a técnica de um camião TIR e, por fim, a velocidade de um automóvel em plena 2ª circular, às 08h30 da manhã de um dia de semana.

Para ver um JBT basta visitar o pavilhão de uma escola fora do tempo de aulas, tipo a EB2+3 de Alhos Vedros, por norma rodeado de outros JBT, sendo tão exigente com os companheiros como complacente consigo próprio. O JBT manda-se para o chão assim que o adversário se aproxima mais de 5 cm., gritando e gesticulando como se estivesse prestes a parir um filho.

Sendo um JBT confesso e, como tal, habitual frequentador de pavilhões de escola fora do tempo de aulas, há dois tipos de jogador com quem me irrita particularmente jogar, principalmente se estiverem na minha equipa: os que jogam mesmo muito mal e os que estão convencidos que jogam mesmo muito bem.

Como é que se identificam aqueles que jogam mesmo muito mal? Se estiverem equipados com uns ténis próprios para o atletismo é mau sinal. Aliás, por norma, estes indivíduos têm muita aptidão para o atletismo, por isso, correm muito mas nem eles próprios sabem muito bem para onde! Têm por hábito parar a bola com a ponta do pé (o que dá mau resultado em 95% dos casos, mas eles devem achar que a culpa é da bola ou da lei da gravidade) e chutar à baliza com a parte interior do pé (o que normalmente resulta numa grande deslocação de ar e em pouca deslocação da bola). Mas a principal característica deste tipo de jogador é atrapalhar muito, sendo que na maior parte das vezes o efeito é contrário à própria equipa. A precisão de passe é de tal forma apurada, que, por vezes, acontece quererem passar a bola para o colega que está posicionado no lado esquerdo do campo e acabam por isolar o colega que está no lado direito do campo. A principal vantagem de ter este tipo jogador é que, como o adversário nunca acredita que dali saia alguma coisa boa, por vezes acaba por se enganar e fazer uma ou outra boa jogada. Mas é muito raro.

Já os tipos que estão convencidos que jogam mesmo muito bem, têm como principal traço de identificação o gesto técnico vulgarmente conhecido por finta. Tirando isso, gostam muito de fintar, uma vez ou outra arriscam uma finta e num dia de muito boa disposição chegam mesmo a tentar fintar. Defender é palavra absolutamente proibida no seu léxico, para isso estão lá os outros, preferindo poupar esforços para, quando na posse da bola, fintar. Rematar à baliza? Muito ocasionalmente, se não houver mais ninguém para fintar. Correr sem bola cansa um bocado e, bem vistas as coisas, sem bola não dá muito gozo fintar. Se alguém lhe roubar a bola no meio de uma finta, é vê-los deitados no chão, a contorcerem-se de dores, como se tivessem acabado de ser atropelados. Se jogar com alguém com este perfil, nunca, mas nunca, em situação alguma, seja porque razão for, reclame com ele por ter perdido a bola no meio de uma finta! E livre-se de lhe chamar "fussão", arrisca-se a que vá direito que nem uma seta à sua cara!!

6 comentários:

Uma vida qualquer disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Uma vida qualquer disse...

Até aqui chegamos Charraz, isto é uma provocação! Dois dias seguidos a falar de futebol, é amanhã no terceiro que me felicitas?!
Beso guapo

Anónimo disse...

Embora não mo tivessem pedido gostaria de vos deixar um conselho, falem só de futebol e culinária, sempre é preferível a esoterismos, beijinhos e abraços.
Por muito pouco que possam saber do assunto é muito menos tedioso que aqueles que é vosso costume abordarem.

D. Sebastião

Lusaut disse...

Bem, fartei-me de rir. É melhor nem pensar onde eu me enquadro nestas definições de "jogador".

O Jogo de Domingo foi assim tão mal?

Aquele ao que assisti tb não foi grande coisa, mas pelo menos houve dois golos bonitos.

Abraço

Patricia Parreira disse...

Bem, primito sei que não tem nada a ver com o post, apesar de me ter fartado de rir, pois tenho um exemplar desses em casa que joga como guarda-redes, estou a escrever pois vi a tua agenda e reparei na data de 25 de Abril. Como é óbvio já sabia que tu lá ias, e só espero poder ir para te ver pois já lá vão uns bons meses e nesse dia estivemos tão pouco tempo juntos.
Pode ser que nesse dia conheças a tua nova prima, se ela entretanto já tiver nascido.
Espero sinceramente poder rever-te.

Bejos

Patrícia e Mafalda

Anónimo disse...

Charraz,

Straight to the point neste descrição exaustiva do JBT !!

Muito bom mesmo ;)

Uma beijoca grande,

Carol