Com este amor dentro de mim...

"Há dias que marcam a alma e a vida da gente", diz o Jorge Fernando na "Chuva", que a Mariza celebrizou.

Ontem a vida brindou-me com uma recordação que trazia gravada na memória e no coração. Há muitos anos atrás, mais de quinze seguramente, lembro-me de estar em casa da minha avó Ema, e de estar a passar uma música na rádio. Ela ouvia com um sorriso nos lábios, e a certa altura disse-me algo do género: "Olha esta música neto, gosto tanto...", e depois pôs-se a cantar o refrão com o Fernando Girão...

A minha avó partiu em 1998, e desde então várias vezes me lembrei deste momento, que achei de uma ternura tamanha. E marcou-me de tal maneira que apesar de nunca mais ter ouvido aquela música, fixei o refrão. Várias vezes procurei o disco nas lojas, mas nunca o encontrei. Lembro-me que há tempos pesquisei na internet, e descobri o nome do disco que continha a tal canção, mas não encontrei maneira de o encomendar... Um dia lembrei-me de perguntar à minha querida Maria se não tinha lá discos do Girão em casa, e ela, com a sua militância única na amizade, foi a uma loja comprar dois discos, mas nenhum era o tal...

Até que ontem a canção me veio parar às mãos e ao ouvi-la o meu coração encheu-se de ternura, emoção e saudade. E logo na véspera do primeiro aniversário do dia em que o primo Tó partiu para junto da nossa Avó Ema. Coincidência? Sinal? Milagre? Escolham vocês a palavra. Eu apenas sei que é por isto que só sei viver assim, com este amor dentro de mim...



Eu só sei viver assim

Nas lutas que eu travo comigo
Nas horas em que me castigo,
No momento que se acaba
Quando tudo so é nada,
Só me encontro nos teus passos
No teu cheiro, nos teus braços
Eu só sei viver assim

Ai eu só sei viver assim
Com esse Amor dentro de mim

Nas minhas conversas com Deus
De cara lavada sem véus,

Mesmo quando estou sozinho
Inventando o meu caminho
Eu renasço no teu Ventre
De uma forma tão diferente
És tu quem nasce em mim

Ai eu só sei viver assim
Com esse Amor dentro de mim

Quando o animal vence o homem
Quando a razão não existe
Não há certo nem errado
E até a alegria pode ser triste....”

Fernando Girão