3 de dezembro de 2009

Ponto de Citação - Radiografia (III)

" (...) O país está muito doente?
Está dependente, doente não. Há um fenómeno de esgotamento, de cansaço. Entre 1960 e 1995 houve uma verdadeira cavalgada: fomos o país que mais cresceu e se desenvolveu na Europa, com uma mudança demográfica completa, outra nos costumes, algo de absolutamente fantástico! De repente chegámos a 90 ou 95 e percebemos que não tínhamos inovado nem criado muito... Fizemos auto-estradas - qualquer país com um cheque nas mãos as faz -, mas não fizemos novas empresas, novos projectos, novos produtos. E perdemos muito do que tínhamos: demos cabo da floresta, demos cabo da agricultura, demos cabo do mar. Três coisas imperdoáveis, três erros históricos. E não sei se ainda é possível voltar a prestar atenção à floresta, à agricultura, ao mar...
(...)

Que conclusão se impõe tirar? E isto para não lhe perguntar que caminho pisar...
Se não houvesse a Europa e se ainda houvesse Forças Armadas, já teríamos tido golpes de Estado. Estamos à beira de iniciar um percurso para a irrelevância, talvez o desaparecimento, a pobreza certamente. Duas coisas são necessárias para evitar isso. Por um lado a consciência clara das dificuldades, a noção do endividamento e a certeza que este caminho está errado. Por outro, a opinião pública consciente. Os poderes só receiam uma coisa: a opinião dos homens livres.

Excerto da entrevista de António Barreto, Sociólogo e Presidente do concelho de administração da Fundação Francisco Manuel dos Santos, ao jornal i.

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