9 de novembro de 2009

Ponto de Citação

É difícil a relação com um realizador?
Não se pode generalizar. Tem tudo a ver com adaptação. É como o clima. Podemos acordar todas as manhãs preparados para aproveitar o que nos é dado ou queixarmo-nos porque não é o que esperávamos. Depende de como se encara a vida e de como se quer viver a vida.

(...)

Receia que as pessoas gostem dos retratos só porque são seus?
Estou habituada a expor-me. Não espero nada de volta. Para mim foi uma forma de devolver alguma coisa aos filmes. Da mesma forma que os realizadores me apontam uma câmara eu aponto-lhes um pincel. É muito íntimo. É sobre eles e a minha relação com eles. Aquilo que o público pensa... Não sou pintora. Podem não gostar deles. Por mim, está óptimo.

(...)

Nos últimos anos dançou, voltou à Lancome, apareceu na "Playboy". Uma vez disse que as francesas florescem quando chegam aos 40...
Devia ter 22 anos quando disse isso! Os 40 são muito difíceis. Esquecemo-nos de dizer isso.

Fez todas estas coisas para provar a si mesma que ainda era capaz?
Se for esse o caso, então eu tenho 40 anos desde miúda. Essas coisas estão para lá da idade. Têm a ver com a energia e a excitação de fazer qualquer coisa nova, não com "não posso fazer isso porque não é suposto". Se for assim não se consegue voar. Mas se formos com o coração, com a imaginação, tudo é possível.

Extracto da entrevista de Juliette Binoche ao jornal i. A actriz veio ao Estoril Film Festival apresentar o documentário que a irmã fez sobre ela e a exposição de retratos dos realizadores com quem trabalhou e das personagens que interpretou, "Portraits In-Eyes".

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