10 de julho de 2008

Bom dia, bem-vindos à Manutan!

A minha entrada na Manutan merece ser contada. Fiz um processo de recrutamento que começou com uma entrevista com o Director Financeiro, pessoa com quem iria trabalhar directamente o escolhido. A entrevista pareceu-me correr bem, houve uma empatia imediata e fiquei logo ali a saber que passaria à fase seguinte, que consistia numa entrevista em grupo, com todos os que passaram a primeira fase, e que consistia num daqueles exercício de simulação que eu sempre detestei.



Lá fiz um esforço para fazer boa figura, porque tinha ficado bem impressionado com algumas condições que me tinham sido apresentadas, e tinha simpatizado com o dito Director Financeiro. Poucos dias depois recebi uma chamada a comunicar-me que não tinha sido o escolhido, mas que tinham gostado da minha prestação e que ficariam com o meu contacto. Fiquei triste mas passei à frente, até porque já tinha começado a trabalhar noutra empresa e até estava satisfeito.


Passados alguns meses a minha vida profissional conheceu um dos períodos mais agitados de sempre. A empresa onde estava decidiu encerrar actividade em Portugal, mas quando foi conhecida a decisão já tinha aceite um convite do meu cunhado para voltar a trabalhar com ele no negócio dos sofás. Um mês depois de estar com eles, o meu amigo Enzo convidou-me para um projecto que passava por dinamizar, com eventos, um conjunto de espaços no Cartaxo. Fiquei obviamente deliciado com a ideia de trabalhar mais perto do mundo da música e do espectáculo, não resisti ao convite.


Infelizmente a pessoa que suportava financeiramente o projecto não era séria, e passados dois meses, sem ter recebido um tostão, tive que me fazer à vida. Andava eu pelo meu querido Alentejo, a fazer um trabalho de promoção para uma agência de publicidade, quando uma amiga recente, mas das que valem muito a pena, me convidou para trabalhar como monitor de informática num projecto da Santa Casa da Misericórdia. O projecto, embora um pouco assustador para quem nunca trabalhou nem teve formação na área, era aliciante já que passava por trabalhar directamente com jovens de risco, tentando transmitir-lhes alguns conhecimentos na área da informática.


O princípio foi meio complicado, fui considerado um "betinho" e foi dificil criar laços com eles. Safou-me a musica. Estavam a ensaiar um tema hip-hop, com letra deles sobre uns sons que gravaram, para apresentar num evento da Santa Casa. A coisa até estava engraçada mas meio descoordenada, o que foi bom para mim. Ensinei-lhes meia duzia de truques, dei uns toques na métrica da letra, e de repente já era um deles. O desafio estava ganho. Estava a saborear o sabor da vitória quando tocou o telefone:


- Rogério? Olá, fala José Eduardo Martins, Director Financeiro da Manutan, lembra-se de mim?


Demorei poucos segundos a lembrar-me. A pessoa escolhida tinha manifestado o desejo de sair, tinha outras ambições. Soube mais tarde que antes de me ligarem ainda tentaram outro candidato, inconsequentemente. Soube também que não foi o currículo ou a postura que me atraiçoaram, mas o facto de ter dito que era músico, e que tinha discos gravados.


Foi uma decisão difícil, porque a experiência na Santa Casa estava a ser muito enriquecedora do ponto de vista humano, mas acabei por optar pela Manutan, onde estou faz hoje três anos. Quando entrei prometi empenho, organização, experiência e dedicação. Prometeram-me uma empresa com estabilidade financeira, horário de saída rigoroso, bom ambiente de trabalho, prémios e aumentos de salário anuais. Ambos torcemos o nariz, desconfiando do nível de veracidade, creio que ambos estamos surpreendidos por ter excedido largamente as expectativas.


Não trabalho na Manutan por gosto, mas gosto de trabalhar na Manutan. Se ganhar hoje o Euromilhões, não continuarei a trabalhar na Manutan, mas tenho muito orgulho em trabalhar nesta empresa, directamente com um homem muito competente do ponto de vista profissional, muito humano do ponto de vista pessoal e que comigo mantém uma relação de liberdade-responsabilidade, alicerçada numa admiração mútua. Considero-me um felizardo por trabalhar com um director-geral de grande valor humano, pouco ortodoxo mas muito respeitador da individualidade de cada um e muito compreensivo. Tenho muito gosto em fazer parte de uma equipa de catorze pessoas que, com todos os defeitos inerentes ao ser humano, comigo partilha nove horas por dia, cinco dias por semana.


Hoje levo-lhes um doce para lhes lembrar que me considero um priviegiado por trabalhar nesta empresa. E aconteça o que acontecer, e nada na vida é perene, só por estes três anos já valeu a pena.

5 comentários:

MisteriosaLua disse...

Fico contente por ti, mas ler o teu texto, fez-me ficar triste por mim... Também quero!!!

Carol disse...

Charraz,

Ao longo da minha vida profissional - talvez o aspecto mais consistente da minha vida ;) - já me aconteceram muitos felizes acasos e coincidências.

Desde o 2 ano da faculdade que trabalho e desde aí que nao parei mais. Muitos acasos pautaram o meu caminho e também o empenho e dedicaçao que coloco em cada novo desafio. Por isso acabei por ter mais tarde o retorno em muitos casos.

Comecei com um estágio de 3 meses numa imobiliária na Póvoa de Santa Iria que acabarm por se prolongar por 7 meses porque fui implementado novos mdesafios e projectos à equipa(quando já era mesmo complicado para mim conciliar aulas com trabalho, numa altura em que ainda nao conduzia !!).

Depois trabalhei na Alitalia, onde o que seria um estágio de 3 meses acabou por revelar-se numa estadia de 2 anos.

Acabada a faculdade, uns dias depois um amigo disse-me que numa agência de Lisboa estavam à procura de um estagiário. Fui à entrevista numa sexta-feira de manha às 9h30 e por volta das 10h30 já estava sentada a uma secretária a trabalhar !! Fiquei lá 5 anos e meio, quando achei que já era altura de mudar de ares ... procurei, encontrei, sai da agencia numa sexta e segunda já assentava arraiais num novo desafio.

Infelizmente, apesar de todos os esforços, nao correu como previa porque financeiramente a empresa nao tinha capacidade para fazer tudo a que se propunha e a 31 de Dezembro decidi terminar este novo desafio. Colhi muitos aspectos positivos e novos conhecimentos que mais tarde utilizei.

Inicio de ano, comecei a procurar novo poiso. 15 dias depois já estava novamente a trabalhar, mas apenas estive lá 3 meses. Rescindimos de comum acordo, porque o desafio nao estava à altura das expectativas criadas.

Novamente numa sexta-feira terminei este desafio e na segunda-feira seguinte já estava em novo trabalho !!

Mantendo sempre em aberto os conhecimentos e contactos acumulados ao longo dos anos, fui deixando portas abertas que acabaram por me ser uteis.

Sempre na área da comunicaçao durante quase 2 anos fui explorando uma das muitas áreas que esta oferece e aprofundando conhecimentos em merchandising. Hoje em dia tenho uma perspectiva completamente distinta e enriquecedora desta área.

Paralelamente fui tendo um "namoro" de quase 2 anos para ir trabalhar para a agencia onde me encontro agora. Dirigida por uma antiga colega de trabalho, e onde reencontrei antigos colegas de trabalho. Ambiente fantástico, mesmo quando há muito stress e correria !!

What goes around, comes around ...

Também eu tenho vindo sempre a colher muitos frutos positivos da postura que mantenho face ao trabalho e com aqueles com quem convivo diariamente.

Nunca parando, evoluindo sempre ...

Bjocas

Maria disse...

É muito gratificante poder trabalhar assim, num ambiente de relações humanos como o descrevo.
Fico feliz por ti.

Um abraço

Uma vida qualquer disse...

"...Não trabalho na Manutan por gosto, mas gosto de trabalhar na Manutan ..." e eu não sei disso?!?! se eles também soubessem estavas no marketing!
Besos guapo.

Lusaut disse...

Fico contente por ti. Cada um colhe aquilo que ele próprio semeia. Tu mereces. Abraço