5 de julho de 2007

Henrique Viana

Sem entrar na discussão dos seus efeitos malignos e benignos, o que é facto é que a televisão faz parte do nosso dia-a-dia. Uns mais outros menos, uns por uma razão outros por outra, a verdade é que ninguém é indiferente às imagens que nos entram casa dentro e aos seus protagonistas. E a verdade é que desenvolvemos sentimentos reais por pessoas com quem nunca falámos, nunca estivemos e de quem muitas vezes pouco sabemos.

O pensamento vem a propósito da notícia da morte do actor Henrique Viana. Ouço na rádio e fico triste, como se tivesse sabido da morte de um vizinho ou de um velho conhecido. É um daqueles personagens que cedo me conquistou a simpatia e admiração, sem esquecer o facto de ter o bom gosto de ser benfiquista.

Admirei-o em vida, e reconheço a sua grandeza na hora da despedida, formulando o desejo de que o seu funeral aconteça longe dos olhares da comunicação social e restrito a familiares, amigos e colegas. Bem haja Henrique!

2 comentários:

zmsantos disse...

Ontem, deitado no sofá da sala, ruminava pacientemente as notícias na TV (é uma sorte o Telejornal dar antes das novelas...) quando, por entre a Presidência Portuguesa da CE e as medidas de segurança adoptadas nos aeroportos ingleses, me caiu em cima, como inesperada chuvada num deserto, a notícia de que o Henrique Viana tinha morrido.

Ainda não sei bem o que sinto. Tristeza, amargura, desilusão. Sim, talvez mais desilusão do que outra coisa. Até porque não tinha conhecimento de que o Henrique estivesse doente, alás, sabia que estava em plena actividade, a rodar um filme do Botelho.

Eu conhecia, mais de perto o seu trabalho, por alturas do glorioso Teatro Adoque, onde o Henrique deu vida a tantas personagens e ao lado, de hoje, consagrados artistas.

Vivia-se o escaldante PREC, onde só fazia sentido estar num dos dois lados possíveis da barricada.

Sempre lhe conheci a capacidade de separar as águas, quase sempre tão fáceis de misturar, entre o homem, cidadão, e o actor.

Viveu. Sobreviveu num meio tão difícil, impondo o seu profissionalismo e o seu talento, deixando-nos 'bonecos' que ficarão para sempre na história do Teatro em Portugal.

De um humor elegante, partiu com pena, não só da vida, mas com a impossibilidade de não poder mais brincar com a morte.

Princesa Isabel disse...

Um grande senhor na arte de representar. Em televisão achei que fez uma interpretação notável na série "Ballet Rose" .