28 de junho de 2007

FMI - 25 Anos

No DN:

Espectáculo hoje no Music Box (Lisboa) a partir das 23.00
A propósito dos 25 anos sobre a edição do histórico FMI, de José Mário Branco, a escola profissional Restart decidiu propor a uma série de novos músicos portugueses que recriassem a obra no palco do MusicBox. Armando Teixeira, Ana Deus, Kalaf, Nel'Assassin, Melo D, Spaceboys, Sagas e Tiago Santos (este como DJ) tratam da música. O jornalista e editor Rui Miguel Abreu escreveu um texto e irá apresentar o espectáculo, que decorre hoje às 23.00 na sala do Cais do Sodré. O preço dos bilhetes é de oito euros.

Para José Mário Branco, a sensação de ver FMI homenageado "não é nova porque ao longo destes quase 30 anos, ciclicamente, gente mais nova tem pegado nessa obra para se exprimir". Ainda assim, o autor desta verdadeira canção da revolta, que então marcou um panorama musical português a conhecer nascimento da uma outra modernidade com o boom do rock português, considera que hoje "já não se exprimiria dessa forma" embora continue a defender os mesmos valores e princípios na sua vida.

Para Rui Miguel Abreu, a nova geração de músicos que irá recriar FMI tem em comum com o cantautor o facto de "procurar uma sensação de liberdade criativa e privilegiar as ideias". O autor do texto de apresentação refere também que "musicalmente não foi um disco que tivesse criado uma escola", mas "ao dar muita importância à palavra" criou um elo de ligação com a "comunidade hip hop".

Tanto José Mário Branco como Rui Miguel Abreu concordam que este é um trabalho de catarse. O músico considera que "sentiu absoluta necessidade de se exprimir naquele momento" enquanto que o jornalista não tem dúvidas em afirmar que José Mário Branco "tentou lidar com uma certa desilusão e um conjunto de problemas que andavam na sua cabeça". E assim nasceu FMI.

José Mário Branco, que promete estar presente hoje no MusicBox, revê--se numa nova geração de músicos que tem sobretudo ligações ao hip hop. "Tenho relações pessoais e de trabalho com alguns rappers mas confesso que não conheço em particular o trabalho das pessoas que vão estar em palco", confessa, sem esconder curiosidade perante a reinterpretação de uma obra sua.

Todavia, estes são tempos muito diferentes daqueles que suscitaram FMI, "onde tudo era a preto e branco", defende. Hoje, "predominam os meios de pressão psicológica, de lavagem ao cérebro e vivemos numa papa cinzenta onde as responsabilidades não são claramente identificadas", assume José Mário Branco. Por isso, não tem reservas em dizer que "é muito mais difícil saber como estar vivo".

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