9 de dezembro de 2005

Conversa de Taberna (Uma rodada para todos!)

Há dias em que penso no tempo que passo a ver, a ler sobre, a pensar e a degustar futebol, e pergunto-me: o que é que me faz gostar tanto disto?

Depois vivo momentos com os da noite de quarta-feira que expõe o ridículo da pergunta.

Porquê?

Pelo ambiente indescritível criado por 60 mil almas a cantar, a gritar, a assobiar, a aplaudir, a entregar-se todos à uma. Pelos efeitos visuais e sonoros que transbordam de uma noite de casa cheia. Pelas emoções que se vivem em duas horas: alegria, tristeza, ansiedade, nervosismo, irritação, indignação, felicidade, euforia...

Pela beleza estética de certos movimentos de um jogo, como por exemplo o golo do Manchester e o primeiro golo do Benfica. São jogadas desenhadas a regra e esquadro...

E depois por esta imprevisibilidade fantástica do futebol, muito bem traduzida em palavras por um ex-capitão de equipa do Porto, minutos antes do início de um jogo: "- Prognósticos só no fim do jogo!".
Se eu tivesse escrito aqui na Terça-feira que acreditava que o Benfica desfalcado de Simão, Manuel Fernandes, Miccoli e Karagounis ia ganhar ao Manchester United de Nistelrooy, Ronaldo, Rooney, Ferdinand e Scholes diriam que era um louco e um fanático.
Se aos 10 minutos de jogo tivesse mandado das bancadas da Catedral uma mensagem a dizer que acreditava que o Benfica ia virar o jogo e qualificar-se com golos dos mal-amados Beto e Geovanni além de louco seria mentiroso!
E no entanto algo aconteceu naquele estádio. Começou pela reacção do público que depois de sofrer um golo em vez de assobiar, como é seu timbre, aplaudiu e incentivou. E a mensagem passou. Geovanni correu, lutou e jogou mais que nos últimos três meses. Luisão, Andersson e Alcides provaram que há torres que nem o mais baixo terrorismo árabe faz caír. O pequeno (nos erros) Leo fez sombra ao grande (na apatia e na alarvidade dos seus actos) Cristiano Ronaldo. Petit mostrou que quando joga de olhos abertos é grande. Nélson provou mais uma vez que não tem pé direito, aquilo é uma raquete de ténis que está dentro da chuteira tal a precisão do cruzamento. E Nuno Gomes deu mais uma demonstração de cultura táctica, colectivismo e sacrifício em prol da equipa. A segunda parte do agora capitão foi de uma utilidade extrema. E nem o treinador escapou ao estado de graça.

É claro que todos sabemos que o brilhante jogo que a equipa fez não resolve todos os problemas que a equipa atravessa. Os conjunturais e os estruturais. Mas o facto é que o Manchester poucas oportunidades teve, o Benfica mostrou garra, vontade e determinação. Foi feliz mas todos fizeram por merecer essa felicidade: o público, o treinador, os jogadores e até os próprios Deuses.

Ah, e o futebol tem outra coisa muito boa. É que Domingo há mais...não é Sérgio?

1 comentário:

A Burra Nas Couves disse...

Barça, líder da liga espanhola. 11 vitórias consecutivas, bola de ouro para Ronaldinho, humilhantes 0-3 ao Real Madrid no Bernabéu há 4 semanas atrás. Soma e segue. Visca Barça!!!!!