29 de agosto de 2005

Ao Sr. Koeman

Tenha calma, esta não é daquelas típicas cartas de adepto frustrado ao segundo mau resultado, a exigir o seu regresso ao país das tulípas.

Considero-me uma pessoa tolerante e não gosto de emitir comentários sob depressão...

Mas, passados dois meses de trabalho, acho que alguém lhe deveria dizer algumas coisas, e como sei que é leitor atentíssimo deste espaço...

Olhe que eu até simpatizo consigo. Gostei do seu discurso de entrada, e da tentativa clara de se desmarcar do estilo trappatoniano, que embora ganhador, nos deixou muitos amargos de boca. E gosto também da sua atitude perante os jornalistas. Consegue manter alguma distância sendo ao mesmo tempo simpático, e responde a tudo o que lhe perguntam, nunca se irritando nem quando a mesma pergunta lhe é feita 300 vezes seguidas (-Está a ver Sr. Camacho?).

Agora, aceite alguns reparos:

1- Reforços: é óbvio que não vou culpá-lo pela sua falta. O que me parece óbvio é que andou tempo de mais preocupado com os reforços de ataque que não chegaram em vez de trabalhar os jogadores que tem, e que são bons. E isso ficou evidente no lance de Sábado em que Nuno Gomes e Mantorras decidiram atrapalhar-se um ao outro perdendo uma boa oportunidade de golo. Será assim tão estranho habituar estes dois jogadores a jogar lado a lado?

2- Adaptações: São poucas as que resultaram no Benfica dos ultimos anos. E o mais estranho é ver jogadores adaptados a várias posições para as quais o Benfica tem opções naturais. Beto não é, nunca foi e nunca será um ala direito. Foi estranho ver Geovanni no banco, Beto amarrado à linha, e um desinspirado Petit no miolo (repararam quem estava a marcar o jogador do Gil Vicente que apareceu sozinho na grande área para fazer o primeiro golo?)

3- Sistema de jogo: eu gostei do modelo apresentado no Sábado. Precisa de ser trabalhado. É preciso dizer aos centrais que têm que saír com a bola no pé e invadir o meio campo adversário (ninguém tem cassetes do Helder para mostrar?). É preciso pôr os jogadores nos sítios certos (ver ponto 2). É preciso por Mantorras ao lado do Nuno Gomes. Mas a movimentação foi outra, a equipa jogou em cima do adversário. O Gil Vicente na primeira parte chegou uma vez à nossa baliza. O Guarda-Redes fez "n" defesas. Então porquê mudar tudo com a entrada do Geovanni? Porque não tirar o Petit, pôr o Beto no seu lugar e deixar a ala direita para o Geovanni? Porque não arriscar com o Mantorras na frente prescindindo de um Nuno Assis que só dura meia hora?

Sabe uma coisa, eu temi que isto ia acontecer quando o vi, no final do jogo com a Juventus, dizer que a equipa estava preparada para a Liga Nacional. Percebi que o Sr. Koeman não estava bem informado sobre o nível das equipas em Portugal (Lembram-se do Álvaro Magalhães?). Tal como o seu compatriota Co Adriaanse, já deve ter percebido nesta altura que não é todos os dias que se ganha por 3-0. E também já deve ter percebido que se as coisas não correrem bem em Alvalade, habilita-se a ficar a oito (!) pontos dos seus rivais. Não é dramático, mas bom não é de certeza!

Ah, e faça-me o favor de transmitir ao Sr. Veiga que por um terço do valor que ia gastando pelo Tomasson, poderia ter ido buscar o Jorginho ao Setúbal, e tinha o problema do nº 10 resolvido. E que a "mania das grandezas" nunca foi boa estratégia.

Termino dizendo-lhe que comprei na semana passada o Kit, porque eu não sou daqueles que falam, falam...

Obrigado e bom trabalho!

Rogério Charraz

1 comentário:

Anónimo disse...

KIT???É para o carro???Para uma noite de sexo???O que é o KIT???