21 de abril de 2005

Sado-Maso

Confesso que sou um defensor incondicional da Liberdade. Em todos os aspectos. Na sexualidade também. Acho que cada um deve fazer com o seu corpinho o que quiser, da forma que o quiser. Mas, aqui entre nós que ninguém nos está a ler, o que é que passa pela cabeça de um tipo adepto do sado-masoquismo?

Fazendo um esforço muito grande, eu até consigo entender as pessoas que gostam de parceiros do mesmo sexo (os que vão não voltam), os que aderem à partilha com animais (então não são nossos amigos? Além de que alguns têm vantagens bem evidentes sobre os humanos!), os fãs do virtual (pelo menos não têm que usar preservativo nem disfarcar perfumes), agora, ter prazer em levar na tromba??? Ser espezinhado e pedir por mais??? Suplicar para que uma tipa armada em Catwoman nos crave umas molinhas nos testículos??? E aínda por cima PAGAR POR ISSO?????

Além de chocante é ofensivo. Então a polícia andou a perseguir as desgraçadas das brasileiras que se esforçavam a ensinar ao homens de Bragança o manual do Sexy Hot, e permite que umas quantas senhoras se façam cobrar para fazer aquilo que a maior parte das mulheres pagava para fazer??? Ah pois, quantas das nossas mulheres não nos arreavam um enxerto de porrada completamente de graça? E aposto que algumas até prescindiam dos seus subsídios de férias se soubessem que a gente deixava...

Mas eu até acho que esta história do sado-masoquismo tem sido mal aproveitada. Faço um ponto prévio para informar todos os palestinianos, israelitas, iraquianos e americanos que cobrarei direitos de autor caso saiba que a ideia foi posta em prática. É que não há ninguém mais habilitado para fazer trabalho de espião que um practicante passivo de sado-masoquismo. Porquê? Ora imaginem que um espião da Frente Libertadora do Alentejo era capturado pela força opressora do Governo Central (sim, confesso que estou a ler o "Ensaio sobre a lucidez" do Saramago). Imaginem que o capturado, de seu nome, Agente José Bento, é um aficcionado das carícias sado-maso. O traidor é amarrado e encapuçado e está prestes a ser torturado para revelar toda a teia da FLA.

O opressor atira-lhe duas chapadas ao que José Bento responde "Tens a mão rijinha, estou a ver que aínda vamos ser grandes amigos...". O carrasco agarra-lhe a cabeça e pimba, contra a parede. Zé Bento começa-se a passar "O que é que fazes este fim-de-semana?". Mal conseguiu acabar a frase, já está a levar com um taco de basebol no estômago, "Por acaso não costumas passar pela Amareleja?". O carrasco já meio passado pega no cigarro e recicla o corpo do Zé Bento em cinzeiro, "Ui, prepara o chicote que estou a ficar em brasa". o inquisidor já fora de si, alça da sua bota da tropa nº 44 e espezinha o tomatal do Zé, que ao gritos responde "Ai que eu não aguento mais, é agora..."


Rogério Charraz

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