4 de maio de 2012

Eu português me confesso

«Vou partir para voltar a precisar do futebol. O Barcelona fez de mim grande. Nem como jogador ou treinador dei tanto ao clube quanto recebi».


Pep Guardiola em A Bola.


Quer-me parecer que, para ser bom português nos dias que correm, é preciso idolatrar o Real Madrid de José Mourinho e Cristiano Ronaldo.


Lamento mais uma vez desiludir a maioria, mas eu não gosto nem de um, nem de outro. 


Não gosto de Mourinho porque se preocupa apenas em ganhar, seja de que forma for. Desde que a sua desmedida ambição pessoal seja alimentada, tudo vale para lá chegar: jogar mal, provocar os adversários, envolver-se fisicamente com colegas de profissão ou com jogadores, etc.


Não gosto de Ronaldo porque deixou a humildade na Madeira. Esqueceu-se de onde veio e pensa realmente que o mundo gira à sua volta. Quando marca golos procura as câmaras e não os companheiros de equipa, porque vive obcecado com a sua imagem e com o seu ego. É arrogante na vitória e provocador na derrota.


Naturalmente que reconheço aos dois enormes qualidades, ao ponto de ficarem para sempre na história do futebol mundial. Mas para mim ganhar e ser o melhor não chega...


E é por isso que sou um admirador de Messi, de Pep Guardiola e deste Barcelona, a melhor equipa de todos os tempos. Um colectivo em todos os aspectos, que pratica o futebol espectáculo, que não abusa da agressividade, que ataca e defende como um harmónio, que criou uma escola de jogo e de jogadores (em quantas campanhas eleitorais de clubes portugueses ouvi falar disto?!), que valoriza a formação...


Messi é genial, mas sabe que tem uma equipa fabulosa à sua volta. Não responde a provocações nem se acha alvo de invejas por ser bonito e famoso. É grato ao clube que o formou e não se deslumbra com dinheiro. Não me lembro de ter alguma vez ouvido o público a gritar "Ronaldo" quando Messi entrava em campo...


Guardiola é elegante na derrota e humilde na vitória. Nunca usou a provocação para enervar ou para humilhar adversários. Desfez-se de craques para formar uma equipa de artistas trabalhadores. Achou que o seu ciclo estava a chegar ao fim, e que o clube precisava de sangue fresco. Espero que volte a treinar depressa, faz falta ao futebol...



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