8 de maio de 2011

E agora...?

Quando Jorge Jesus chegou ao Benfica, anunciando que os jogadores iriam render o dobro, os benfiquistas desconfiaram, habituados que estavam a anos seguidos de muitas palavras e poucos resultados. Mas se a previsão do treinador falhou, não foi por excesso. Os jogadores mais que triplicaram o seu rendimento, passaram a formar uma equipa harmoniosa, vibrante e eficiente, que não só ganhava a maioria dos jogos como o fazia com um futebol vistoso e espectacular.

Ganhou o campeonato e a Taça da Liga, chegou aos quartos-de-final da Liga Europa, e nem a precoce eliminação da Taça de Portugal manchou a alegria dos milhões de benfiquistas, que muitos anos depois, voltaram a vibrar com a sua equipa de futebol, e a ver os seus jogadores cobiçados por meio mundo.

As expectativas para este ano eram altas, e mais altas ficaram quando o treinador falou em ganhar a Liga dos Campeões. Mas a margem de manobra da equipa e do seu treinador junto dos sócios também era muito elevada, como há muito não se via.

Creio que não passava pela cabeça de nenhum benfiquista, no iníco da época, que nesta altura se questionasse a continuidade de JJ à frente da equipa de futebol. Mas a verdade é que, neste momento, a questão é legítima. O Benfica vai acabar o campeonato a mais de vinte pontos do Porto (são sete vitórias de diferença, em 30 jogos!), perdeu a Super-Taça, foi eliminado da Taça de Portugal em casa, depois de ganhar no Dragão por 0-2 (?!?!?), e é eliminado da Liga Europa pelo Braga, que embora me mereça todo o respeito pelo trabalho feito nas últimas duas épocas, nem sequer fez dois grandes jogos...

Mas para além dos resultados, há muitos outros aspectos passíveis de serem questionados, começando pela gestão do plantel. É verdade que foram vendidos três elementos fundamentais na campanha do ano passado: Ramires, Di Maria e David Luiz. Mas também é verdade que foram gastos muitos milhões no reforço da equipa. E há muito por onde pegar:

Jogadores que foram dispensados e que poderiam ter sido muito úteis ao longo da época: Quim, Urreta ou Rodrigo (contratado ao Real Madrid e emprestado ao Bolton, onde fez uma boa época).

Jogadores que ficaram no plantel mas que pouco foram utilizados: Nuno Gomes, Weldon ou Moreira.

Jogadores contratados que não justificaram o investimento: Roberto (por 8 milhões de Euros contratava-se um bom ponta-de-lança), Kardec ou Fernandez.

Jogadores que não têm qualidade para jogar no Benfica, e deviam ter sido dispensados: Sidnei, Filipe Meneses ou Luis Filipe.

Depois há a gestão da equipa titular. Muitos jogadores chegam ao fim da época completamente de rastos fisicamente, sem que se tenham criado alternativas ao longo da época. Jogadores como Airton ou Jara não foram bem aproveitados.

E quanto à gestão da equipa durante os jogos? Como é que se compreende que, no jogo em que somos eliminados da Taça de Portugal, a primeira substituição se faça depois do terceiro golo do Porto?!?! E como é que se justifica que, no jogo da passada quinta-feira, em Braga, com a equipa a perder ao intervalo, só se faça a primeira substituição aos 60m?! E só se arrisque tudo aos 80m?!

Foram muitas más decisões, ao longo de toda a época. Que começaram no primeiro jogo oficial. Já o disse, e mantenho: o campeonato começou a ser perdido na forma arrogante e irresponsável como foi preparado o jogo da Super-Taça. O jogo com o Porto foi num sábado, e o Benfica jogou no domingo anterior no Algarve, e na 3ª feira a Eusébio Cup. Chegou a Coímbra cansada, e sem capacidade para vencer o maior rival (que vinha de dois empates em França), permitindo que este se moralizasse.

Honestamente, não sei o que faria se hoje fosse presidente do SLB, em relação à continuidade do treinador. Respeitarei a decisão, seja ela qual fôr, mas é uma pena que Jorge Jesus tenha desbaratado o capital de confiança que tão brilhantemente tinha conquistado. Espero que, pelo menos, este mau momento sirva para aumentar os seus níveis de humildade...

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