8 de junho de 2009

Eleições

Pela primeira vez desde os meus dezoito anos, não votei.

Não o fiz porque acordei tarde e quando me lembrei já não fui a tempo. Mas este esquecimento tem também razões do foro do sub-consciente. A verdade é que, durante a campanha, questionei várias vezes o porquê destas eleições. Fará sentido que a representação portuguesa no parlamento europeu seja diferente do equilíbrio de forças existente no parlamento português? Faz sentido que o país seja governado pelo PS, com maioria absoluta, e no parlamento europeu haja mais deputados do PSD?! Isso não significará que Portugal tem duas vozes diferentes na Europa?

Para mim não faz sentido, principalmente quando se sabe o custo que cada eleição acarreta, e as dificuldades que o país atravessa. E se o argumento para a realização destas eleições é a necessidade de se discutir a Europa, olhem para a campanha e digam-me que assuntos europeus foram abordados. Se querem discutir a Europa, referendem os tratados, esses sim decisivos e importantes.

Olhando para os resultados, ocorrem-me estes pensamentos:

a) O PSD ganhou, mas parece-me que Manuela Ferreira Leite está longe de ter ganho alguma coisa. Ganhou a boa prestação de Rangel e a inadaptação do Avô Cantigas ao circo das campanhas.

b) BE e CDU juntos conseguem mais de 21%, ficando a uns meros 5% do PS. Embora espere estar enganado, parece-me que para a maioria das pessoas, a esquerda na política funciona como Deus na religião: só se lembram deles quando estão "à rasca"!

c) Eu não gosto deles, mas tenho que lhes dar razão neste ponto. Numa sondagem efectuada no final da semana passada, o PP obtinha um resultado na casa dos 3 a 4%. O candidato Nuno Melo, indagado sobre o resultado da mesma, disse que o partido estava habituado a ter maus resultados nas sondagens e bons resultados nas eleições. Nas urnas: 8,37%, mais do dobro da sondagem...

d) É sintomático que, para além da esmagadora abstenção, o número de votos em branco tenha duplicado em relação às últimas eleições europeias. "Somados brancos e nulos, em 2009, são mais de 235 mil votos, quase 7 por cento da votação. Ou seja, o sexto «partido» nestas eleições."

Sem comentários: