18 de agosto de 2008

A ler

"ter escrito um romance em que as protagonistas são mulheres-a-dias tem a ver com acreditar nas pessoas. não acredito num país de doutores, de famosos. acredito em quem mostra coisa feita. seja ela qual for. eu tenho dificuldade em engomar uma camisa, mas qualquer mulher-a-dias sabe fazê-lo. a minha família é enorme. deste universo, são pouquíssimos os que se licenciaram. e, no entanto, vejo-os a progredirem, a educar os filhos, a encontrar espaços de felicidade que eu, muitas vezes, não consigo atingir com tanta simplicidade. cultivo determinadas angústias que o comum dos cidadãos não tem paciência nem tempo para cultivar. em última análise, se eu tivesse um bocadinho mais de mulher-a-dias, estaria melhor. depois de ler determinados livros que nos vão abrindo os olhos, a vida torna-se mais pesada. mas depois já não há retorno. a única coisa que podes fazer é contemplar os outros."

Excerto da entrevista de Valter Hugo Mãe, autor do livro "o apocalipse dos trabalhadores", à revista Visão. A revista descreve desta maneira o livro: "Retrato cómico-trágico, com a mulher-a-dias Maria da Graça, o patrão que a seduz com Goya, o emigrante de leste, o riso e as lágrimas. Um grande romace."

2 comentários:

zmsantos disse...

Tomei nota meu Amigo, do livro de Valter Hugo e da tua sempre presente disposição em dar a conhecer aos outros as coisas boas da vida, como é o caso de um bom livro.

Abraço, Grande.

Maria disse...

Gostoo do Valter Hugo Mãe, e agora fiquei curiosa...
vou tentar arranjá-lo...

Um abraço