Caeiro
Gosto do céu porque não creio que elle seja infinito.
Que pode ter comigo o que não começa nem acaba?
Não creio no infinito, não creio na eternidade.
Creio que o espaço começa numa parte e numa parte acaba
E que agora e antes d`isso há absolutamente nada.
Creio que o tempo tem um princípio e tem um fim,
E que antes e depois d`isso não havia tempo.
Porque há de ser isto falso? Falso é fallar de infinitos
Como se soubessemos o que são de os podermos entender.
Não: tudo é uma quantidade de cousas.
Tudo é definido, tudo é limitado, tudo é cousas.
(Poema inédito, sem data, transcrito por Jerónimo Pizarro)
Publicado na edição da passada sexta-feira do jornal "Publico"
No passado dia 13 de Junho, cento e vinte anos depois do nascimento de Fernando Pessoa, foi dado a conhecer este poema inédito. Notável, como tantos outros.
Falso é falar de infinitos, pois até os talentosos perecem...
Sem comentários:
Enviar um comentário