2 de novembro de 2006

A Paixão pelo jogo

Fosse qual fosse o resultado, eu sabia que a noite de ontem estava ganha. Percebi-o ao percorrer a distância que separava o meu carro do lugar 25, da fila N, sector 08. Numa estatística empírica, posso dizer que eram tantas as camisolas verde-e-brancas quanto as orgulhosamente berrantes. Por momentos temi que o factor casa fosse eliminado, mas não, embora em mais de vinte anos não me lembre de ter visto tantos adeptos adversários na Catedral, apenas um dos topos era predominantemente escocês.

E não era preciso muito para perceber que o adversário era britânico. Os cânticos entoados a uma só voz, a boa disposição estampada no rosto e as garrafas na mão anunciavam-no. E o civismo. Já em pleno Euro-2004, neste mesmo estádio, tinha vivido a sensação de partilhar a bancada, lado-a-lado, com adeptos britânicos, adversários no campo mas saudáveis convivas fora dele.

E só gente com uma forte paixão pelo jogo e um enorme “fair-play” se lembraria de trazer para o estádio do adversário uma enorme tarja com o desenho da camisola do malogrado Miki Feher, legendada com a tradução em português do lema dos adeptos do Celtic “Nunca caminharás sozinho”. O momento em que a tarja foi exibida, sublinhada com aplausos de pé por todo o estádio, foi de uma emoção indescritível.

O jogo não foi favorável às pretensões dos adeptos escoceses, mas se pensam que saíram cabisbaixos e furiosos, desenganem-se! A perder por 3-0 todos cantavam em uníssono mais um hino de apoio à sua equipa. Perderam o jogo mas ganharam a minha admiração e todos ganhámos um momento único que ficará para sempre no álbum das boas recordações.

1 comentário:

Anónimo disse...

O "hino" foi mesmo o "You'll never walk alone".

Original do famoso duo dos musicais Rodgers e Hammerstein, foi inicialmente adoptado como hino pelos fãs do Liverpool, é hoje um "standard" em todos os clubes ingleses.