29 de junho de 2005

Comentários precisam-se

Para os mais distraídos e para os menos habituados a estas coisas, lembro que no fim de cada comentário publicado e ao lado da hora da publicação, existe sempre uma indicação de quantos comentários foram feitos para aquela publicação (ex: "1 comments"). Se clicarem nessa área, poderão ver os comentários feitos pelos meus dois ou três leitores, e, mais importante, podem deixar o vosso comentário! Lembrem-se que podem ser os vossos cinco minutos de fama...
Rogério Charraz

28 de junho de 2005

24 Horas em Portugal

Depois de alguns anos de interregno, voltei a ser utilizador regular de transportes públicos. Nomeadamente do comboio. Tenho dois passatempos favoritos quando ando de comboio. O primeiro é observar o cidadão anónimo, e o comboio é daqueles sítios onde se vê de tudo um pouco. O segundo é ler.
Ora o comboio é provavelmente o segundo local preferido pelos portugueses para ler. O primeiro é, obviamente, o WC.
Disso se perceberam alguns "carolas" e logo trataram de fazer dois jornais vocacionados para estas leituras em andamento: o Metro e o Destak. (Qualquer dia voltarei a estes jornais)
Mesmo assim, aínda há uma quantidade grande de gente que, como eu, prefere trazer as suas leituras de casa ou comprá-las pelo caminho.
Os jornais desportivos são um clássico sempre com sucesso. Não faltam as revistas "côr-de-rosa", da "Maria" à "Caras" e as ditas mais sérias como a "Visão" ou a "Focus". Também há quem opte pelos livros, dos mais variados géneros. E depois há os jornais diários. E um deles parece estar em alta nos comboios da Linha de Sintra, o "24 Horas".
Foi através de companheiros de viagem que pude observar dois dos títulos da semana passada. O primeiro era sobre uma confusão qualquer numa discoteca com o brasileiro Frota. O segundo tinha como protagonistas o futebolista Cristiano Ronaldo e uma mulata que eu não cheguei a perceber quem era. Pelo que percebi, "enrolaram-se" numa praia.
Como podem perceber, este jornal retrata na sua primeira página assuntos do maior interesse nacional. Toda a gente sabe que a nossa vida não será a mesma se o Cristiano Ronaldo "comer" uma mulata, ou duas, ou três, durante as suas férias. E é do conhecimento geral que o nosso país será seriamente afectado caso o actor porno Frota se envolver numa rixa nocturna.
Pelo menos assim o pensam os três ou quatro indivíduos que dividiram comigo a carruagem do comboio. E querem saber uma coisa, aqui entre nós que ninguém lê isto, estes indivíduos não tinham ar de empregados da limpeza, nem de domésticos, nem de pedreiros, que são os nossos protótipos de leitores de "fuchicos".
E já que estou numa de desabafo, confesso tive uma vontade angustiante de abordar um deles, sentar-me ao seu lado e perguntar-lhe: "O senhor desculpe, eu sei que não me conhece de lado nenhum e que não tenho nada a ver com a sua vida, mas o que é que lhe passou pela cabeça quando comprou esse jornal? O que é que contribui para a sua felicidade uma discussão numa discoteca ou um namoro de um futebolista? Não acha que o seu tempo e o seu dinheiro podiam ser melhor empregues?"
Por muito que me esforce não me consigo livrar deste mau feitio!

Rogério Charraz

24 de junho de 2005

O David a "escapar"

Este texto vem no seguimento de uma troca de mensagens. Mas acho que é tão significativo que não precisa de ser contextualizado. O autor é um querido e brilhante amigo chamado David Reis. Ora leiam:

Um autor pouco lido do fim do século XIX, disse “… a complexidade das relações estabelecidas entre o capital e as forças produtivas leva a que a história se desenvolva debaixo dos nossos olhos e independentemente da nossa vontade.”


Vivemos num mundo onde se mede o desenvolvimento pelo nível de consumo, numa época em que já sabemos o tamanho do planeta e a escassez dos seus recursos.

Estamos numa época de mudança: em 7 anos implementou-se a maior ferramenta de comunicações alguma vez imaginada e que permite esta nossa troca de palavras.

Temos os patrões ocidentais a reclamar melhores condições de vida para os trabalhadores orientais.

Aumentou-se a esperança média de vida assim como o acesso à
educação, saúde, e bens de consumo.

Não consigo imaginar o preço que se irá pagar mas estamos ás portas de um novo mundo onde se relatam guerras em directo e onde a voz de quem as contesta também é escutada.

Vamos deixa-los pousar… O senhores da globalização, criaram-na para explorar os povos do 3º mundo, criaram necessidades nas massas sem preverem as consequências de não as satisfazer o que vai sair daqui é imprevisível assim como a factura que já está a ser apresentada.

Mas a “vida”, sempre escreveu direito por linhas tortas, e aquilo que é fundamental é continuarmos a tratar das nossas hortinhas.

Não sei como funciona a nossa memória. Mas tudo indicia ser equivalente à RAM dos computadores de disco óptico: uma vez utilizado um cluster, é indelével. Ou antes, pode obscurecer-se, mas não é reutilizável.


Se algo correu mal, lá fica a marca. Não a experiência, antes o azedume, a desconfiança, o rancor, na melhor das hipóteses e nos de melhor disco, apenas e somente a mágoa.

É por isso que, quando algo correu mal, se pensa que todo o futuro está marcado e comprometido: porque as pessoas pensam-se sempre eternas, pensam sempre o futuro com elas próprias lá vivas e lá dentro, projectam sempre no futuro a sua própria memória.

Não é fácil pensar que a história existe, mas que não é feita com os mesmos, vai sempre sendo feita por outros. Mas é preciso pensá-lo e percebê-lo, pois é esse o processo que limpa e torna reutilizáveis as memórias.

Dos erros dos nossos pais, não nos sentimos herdeiros, e quanto mais o tempo passa, mais olhamos para eles com simpatia e compreensão. Mas, aos nossos erros, sentimo-nos amarrados, e pretendemos hipotecar-lhes o futuro. Podemos, no entanto ir ficando tranquilos e morrendo descansados: como tratámos os nossos pais, assim nos tratarão os nossos filhos. Perceber-nos-ão, talvez, terão, talvez, de vez em quando, um pouco de saudades nossas. Mas, pelo menos, entenderão que não têm culpa nenhuma dos disparates que fizemos.

E rir-se-ão, decerto, dos conselhos que lhes dermos hoje.

Pelo que me parece mais prudente ver se nos conseguimos aconselhar um pouco a nós próprios, enquanto estamos vivos.

Pois, aquilo que mais me parece, é que a contribuição principal que se pode hoje dar, é não empatar demasiadamente a morte, a que assistimos, desta civilização de que todos nós fomos os últimos protagonistas e produtos.

Rogério Charraz

23 de junho de 2005

Rua Morais Soares

A rua Morais Soares vai da Praça do Chile ao cemitério de S. João. Todos os dias a percorro a caminho e de saída do trabalho. Nunca fui bom a medir distâncias portanto não sei muito bem precisar quantos metros tem. Sei que demoro cerca de 7,8 minutos a percorrê-la, num passo normal.
Durante o meu percurso passo por lojas, cafés, restaurantes, floristas, instituições bancárias e quatro farmácias. QUATRO farmácias?! Na mesma rua?! A vender os mesmo medicamentos?!
É verdade. E que eu saiba nenhuma está em processo de falência. Nenhuma está para despedir empregados. Nenhuma tem falta de clientela. Porque será?
Será por a maior parte das embalagens de medicamentos "sofrer" de sobredosagem? Será pelas margens dos intervenientes (laboratórios, armazenistas, farmácias) serem muito "confortáveis"? Será pelo tão falado "lobby"?
Seja pelo que fôr, o que é facto é que, ao contrário do que dizem, a crise não chega a todos...
Rogério Charraz

22 de junho de 2005

Músicos e lojistas protestam contra o aumento do IVA

Alteração da lei do videograma, de forma a garantir a livre circulação de produtos e o livre acesso dos consumidores à cultura; redução do IVA sobre produtos audiovisuais, dos anunciados 21 por cento para os 5 por cento (como sucede com outros produtos culturais, como os livros); regulamentação eficaz do mercado discográfica, combate à pirataria e adopção de 12 euros como preço de venda máximo para CD. São estas as reivindicações da Associação Portuguesa de Lojistas do Audiovisual (APLA), que convocou ontem à tarde uma manifestação junto à Casa da Música, no Porto.
O tempo que se demora em Portugal para tomar decisões que são mais que óbvias e mais que necessárias é simplesmente inacreditável.
Eu daqui do meu canto junto-me ao protesto. Embora cada vez mais como consumidor...
Rogério Charraz

21 de junho de 2005

O assobio da cobra

Se eu vos disser que saíu há alguns meses no mercado um disco chamado "O assobio da cobra", com músicas de Manuel Paulo e letras do João Monge vocês vão-se "borrifar" para o assunto.
Se eu jurar a pés juntos que o disco tem excelentes canções e todo ele é de boa qualidade, a vossa reacção será "Lá está ele armado em pseudo-musico-intelectual".
Se eu vos lembrar que o Manuel Paulo é um dos elementos da Ala dos Namorados, e que costuma tocar com o Rui Veloso e que o João Monge é um dos "responsáveis" pelos sucessos dos Trovante, letrista da Ala dos Namorados e o autor dos textos dos Rio Grande, entre outras coisas, já vos começo a chamar a atenção.
E se eu vos garantir que no disco participam Rui Veloso, Gabriel o Pensador, Jorge Palma, Sérgio Godinho, Camané, Arnaldo Antunes (um dos Tribalistas), Manuel Cruz ou Arto Lindsay, talvez vos desperte a curiosidade.
A esta altura, já vocês se questionam: "Se o disco é tão bom, porque é que nunca ouvi falar dele?"
Simples, porque não passou nem na RFM nem na Rádio Comercial, porque não foi tema de nenhuma telenovela nem passou na SIC Radical. Que eu saiba nenhum dos autores concorreu à Quinta das Celebridades e duvido que tenham passado pelo Herman Sic, embora há meses que tenha desistido de ver o programa.
E este é o dilema de quem quer ser músico em Portugal...

20 de junho de 2005

Ele também fala de futebol...


Por norma não gosto deste tipo de comentários "o futebol já não é o que era", "antigamente é que se jogava bom futebol", etc.
Tenho por hábito ver os jogos do Benfica com o meu pai, e ele de vez em quando sai com um comentário deste género. O mais engraçado é que só lhe ouço estes comentários quando as coisas correm mal. Quando o Simão engata, quando o Geovanni dá um ar da sua graça, quando o Nuno Gomes acerta em cheio ou quando o Manuel Fernandes se solta, esquece-se o "Benfica de outros tempos".
Mas reconheço que o futebol mudou muito. E que muitas vezes impera o calculismo. Apesar disso, não concordo com o Sr. Lobo Antunes quando diz que agora já não há jogadores que "fritam". A diferença é que assim que assim que começam a "fritar", são logo transferidos para as "fritadeiras" de Itália, Espanha ou Inglaterra, de modo a que não falte o "óleo" nas "fritadeiras" cá do Burgo. E isto porque uns malandros se lembraram de fazer o 25 de Abril. O que é que tem o cu a ver com as calças? É que nos anos 60, os Eusébios, Colunas e Simões não podiam saír do país...
Também não concordo quando diz que os actuais "amanuenses" não "fritam". A prova disso chama-se Mantorras. O homem "frita" tanto que até lhe deram a alcunha de "queimado". E os defesas da Superliga também "fritam". A prova disso é o joelho do Mantorras!

Rogério Charraz

17 de junho de 2005

Crimes Ambientais

O texto que aqui reproduzo é composto por excertos de uma reportagem incluída na revista "Visão" do passado dia 9 de Junho.
"... Os atentados ambientais não fazem os portugueses perder o sono. Pegando no último inquérito ambiental do Eurobarómetro, deste ano, podemos definir as preocupações lusitanas de uma forma muito simples: «É importantíssimo protegê-lo, desde que não tenha de ser eu a fazê-lo nem me saia do bolso.»
(...)Com uma forma de pensar tão própria, não é de admirar que (...) o Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) encontrasse, numa mega-operação realizada no ano passado, 900 oficinas que se desfaziam dos seus óleos usados literalmente pelo esgoto abaixo, num total de 1200 visitas. Ou que o mesmo braço da GNR, numa acção de rotina a caminho de um matadouro da região de Lisboa, multasse 49 dos 50 camiões de transporte de gado controlados, por infracções relacionadas com as más condições reservadas aos animais.
Esta mentalidade refecte-se nas atitudes dos governos, acredita José Alho, presidente da Liga para a Protecção da Natureza.
(...) O ambientalista refere-se ao estado a que chegou o Instituto de Conservação da Natureza (ICN): no ano passado, teveos seus telefones cortados devido a uma dívida de um milhão de euros à PT, parou de enviar cartas por não haver dinheiro para os selos e os carros de serviço não saíam por falta de combustível. As autoridades não se deixaram comover - para 2005, o orçamento deste instituto que regula os parques naturais foi reduzido em 30 por cento.
(...)
Actualmente a directoria da Polícia Judiciária (PJ) está a investigar apenas dois processos, ambos devido à poluição de rios, porque a lei exige demasiado. Primeiro, a fábrica que estiver a enviar químicos para as águas terá de ser avisada pelos técnicos da entidade reguladora (a ICA, por exemplo, que conta com 30 técnicos para todo o País). Só então, se a situação se mantiver e houver hipóteses de se provar perigo para a saúde pública, a PJ pode entrar na jogada.
(...)
Em 2003, vários fogos criminosos queimaram o concelho de Vila de Rei. Passados dois anos, aínda não existe qualquer plano de reflorestação em marcha.
(...) Nesse ano, as chamas queimaram 90% da área florestal e destruíram oito habitações. Para o comandante daquela corporação não há dúvidas. «Isto foi mão criminosa. Encontrámos vários dispositivos incendiários colocados em pontos estratégicos», revela Luís Santos. (...) Dois anos volvidos e ninguém provou ter havido interesses comerciais por detrás dos fogos, aquela foi a Câmara que menos dinheiro recebeu no distrito e as árvores continuam pretas. (...) Único ponto positivo, para alguns, claro: o preço de uma tonelada de madeira de pinheiro desceu de 44 para 12 euros. As perdas para o ecossistema, essas, não têm preço.
(...)
O litoral alentejano ainda é uma das poucas costas portuguesas que passaram relativamente incólumes à feroz apetência imobiliária que desbravou a maior parte do litoral português. Mas parece ter chegado a sua hora. Se todas as urbanizações projectadas e planeadas para a linha entre Tróia e a Zambujeira do Mar forem aprovadas, serão ali criados empreendimentos turísticos e de segunda habitação para 70 mil novas camas. Dessas, quase 30 mil estão planeadas para áreas protegidas pela Rede Natura 2000.
(...) A grande asneira algarvia não parece ter servido de lição - empresários e presidentes de câmara continuam a privilegiar o betão e a encarar a defesa do ambiente como uma barreira ao desenvolvimento. E as pressões sucedem-se. O presidente do município de Grândola, por exemplo, mostrou-se furioso com o parecer negativo dos técnicos do ICN a dois empreendimentos projectados para o conselho com capacidade para seis mil pessoas, dentro da Rede Natura 2000. Em declarações à agência Lusa, Carlos Beato chegou mesmo a sugerir que «é preciso ter coragem política para os pôr [aos técnicos do ICN] no seu devido lugar.»"
Não me parece que sejam precisos mais comentários.
Rogério Charraz

15 de junho de 2005

Frases para pensar...

Melhor é experimentá-lo que julgá-lo
Mas julgue-o quem não pode experimentá-lo

Luis de Camões

Não seria mais simples
se o Governo
dissolvesse o povo
e elegesse outro?

Bertold Brecht

9 de junho de 2005

Uma quinta que é sexta e um país...mas pouco!

Hoje é quinta-feira. Mas não é uma quinta-feira qualquer. É quinta-feira véspera de fim-de-semana grande. Logo hoje é sexta-feira. Mesmo sendo quinta, estão a acompanhar?
E sabem o que é que significa um fim-de-semana grande? Significa que o país vai colocar um letreiro na porta (o quê, não sabiam que Portugal tinha uma porta?) com a seguinte inscrição: “FECHADO PARA BALANÇO”. É claro que este balanço não é contabilístico. A malta é que vai tomar balanço para se meter nas filas a caminho do Algarve.
Portanto, se tiverem alguma ideia útil durante os próximos quatro dias, esqueçam. Ou melhor, apontem-na e metam na gaveta até terça-feira.
Entretanto amanhã é o décimo dia de Junho, dia de…de…..de….P…..não, a Páscoa já foi. É dia de Portugal! Como sempre estão já preparadas uma série de iniciativas oficiais e não só para comemorar este fantástico dia. Eu tenho pena que não consultem o povo na altura em que é decidida a agenda do Presidente da República para este dia. Seria com certeza bastante interessante. Embora não seja adivinho, creio que não seria muito diferente deste:

PROGRAMA DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA PARA AS COMEMORAÇÕES DO 10 DE JUNHO DE 2005

10h00 – Participação numa edição especial do programa SIC 10Horas. Sampaio falará sobre a sua vida pessoal, revelará em primeira mão quantas vezes traiu em pensamento Maria José Ritta e qual a 1ª dama que mais o excitou. A astróloga Maya fará a carta astrológica do Presidente e o pato vai recitar um poema. O programa será abrilhantado pelos maiores nomes da música popular portuguesa: Toy, Marco Paulo e Tony Carreira.

A parte da tarde será dedicada à juventude portuguesa:

13h00 – Almoço no McDonalds da Carregueira de Cima.

14h00 – O Presidente irá conversar on-line com milhares de jovens de todo o país, no chat www.chatdocaraças.pt. O Nickname do nosso presidente será kotaradikal e terá câmara e tudo. É obrigatório trocar os “q” pelos “k” e o participante que der mais “calinadas” no português terá direito a um prémio.

17h00 – Concerto no Estádio de Alvalade com o lema “A música portuguesa é que é fixe!”. Participação de alguns dos nomes mais sonantes da música portuguesa actual: The Gift, Silence Four, Zedisaneonlight e EZ Special.

20h00 – Jantar no Centro Comercial Colombo

21h30 – Participação especial no programa “Quinta das Celebridades”, onde Sampaio irá mugir um concorrente.

23h00 – Participação num debate televisivo sobre o aspecto que mais tem afectado os portugueses – o futebol. Temas em debate: Que figura irá fazer o Benfica na Champions League? Quanto tempo mais irá o Sporting aguentar o seu presidente? Quem manda actualmente no Porto, Pinto da Costa ou a namorada?

00h00 – Abertura de Rave na Kapital com uma versão “mixada” do hino nacional.

VIVA PORTUGAL!

Divirtam-me e cuidado com o sol na moleirinha!

Ah, e não esperem novidades até terça que o Tubo também vai de molho.

Rogério Charraz

8 de junho de 2005

Fumo Branco

Habemus treinador!
Pelo menos assim parece. Tudo indica que seja Ronald Koeman o escolhido.
Eu acho mal que escolham estrangeiros com nomes complicados. É que como toda a gente sabe, uma boa parte da massa adepta do glorioso não é muito dada a pronunciar nomes esquisitos. E as direcções parece que fazem de propósito. Ele é Delibasic, ele é Schwartz, Ovschinikov, Souness, sei lá mais o quê. Há primeira vista até parecem nomes simples, mas depois a gente ouve aquelas reportagens de rua, em dia de jogo, e saem coisas do género "não sei porque é que foram buscar o Debizavic?!" ou "Que saudades do mixter Éricsu!"...
Até parece que já estou a imaginar os novos baptismos do novo técnico do Glorioso: Koma, Kumãn, Kuma. Cá para mim vai ficar "o holandês"!
Rogério Charraz

7 de junho de 2005

Cool Hipnoise

"A carreira discográfica dos Cool Hipnoise iniciou-se em 1995, na Nortesul, e desde aí a banda tem sido uma fonte inesgotável de boa música, irreverência e frescura, sendo hoje uma referência obrigatória da mais moderna música portuguesa. Com “Nascer do Soul”, os Cool Hipnoise inundavam a nossa música de referências pouco usuais entre nós, da doçura da Soul ao balanço do Jazz e do Funk, passando pelas temperaturas quentes do Reggae."

Assim começa o texto de apresentação dos Cool Hipnoise na página da sua editora, a Valentim de Carvalho. "Groove Junkies" é o seu mais recente disco, uma compilação dos melhores momentos valorizada com alguns originais. Não conheço o disco (apesar de conhecer alguns dos temas mais antigos), mas a canção que anda a rodar nas rádios chamou-me a atenção. É um reggae muito bem conseguido com um texto inteligentemente construído sobre a invasão do Iraque pelos Estados Unidos. O refrão é algo como isto (estou a citar de cabeça):

A terra dos sonhos está a sonhar com a guerra
e de uma mentira fez uma bandeira
Para te cobrir se caíres na areia
O tema está muito batido e não é certamente original, mas não deixa de ser um texto bem feito e a prova de que a cantiga continua a ser uma arma.
Rogério Charraz

6 de junho de 2005

Um triunfo histórico

Notícia de "A Bola":
PORTUGAL escreveu ontem uma página brilhante no historial do seu voleibol. Pela primeira vez a Selecção Nacional venceu a equipa campeã do Mundo e olímpica: o Brasil. Até então o melhor que os portugueses tinham conseguido diante dos brasileiros foi vencer um set em três jogos, todos eles em edições da Liga Mundial. E o Brasil já não perdia desde 23 de Junho de 2003 - derrota (2-3) com a Itália!
E atenção porque não estamos a falar de uma vitória caída do céu. Mesmo não sendo um "expert" de voleibol, acompanho minimamente as notícias, e tenho reparado que de há uns anos a esta parte tem sido feito um grande investimento em técnicos de grande qualidade, e um excelente trabalho na evolução dos nossos jogadores e da nossa selecção. Parabéns à Federação, aos técnicos e aos jogadores
Rogério Charraz

O Defeso

Para os que estão menos identificados com as lides futebolísticas passo a explicar que "defeso" é o termo utilizado para definir o período que decorre entre o fim de um campeonato e o princípio do seguinte.
Pessoalmente sou um adepto vibrante do defeso. Se é certo que deixamos de viver todas as emoções do fim-de-semana futebolístico (o que até é bom para dar algum descanso ao pobre do coração), todos os dias existe a expectativa do novo reforço, do novo treinador, da saída do craque, etc.
Apesar de todos os meios de comunicação existentes, o verdadeiro defeso tem que ser acompanhado pela leitura assídua d`"A Bola". Claro que a lagartagem prefere o "Record", se tivessem bom gosto não eram do Sporting....
Aqui vão as minhas primeiras impressões sobre este defeso:
Benfica:
Depois do brasileiro Andersson, já está fechada a primeira contratação do defeso - Beto. E foi como a gente gosta, quando se soube já estava o contrato fechadinho. O único senão para mim é o nome, faz-me lembrar uma eterna promessa adiada que joga a defesa central no vizinho do lado. Mas acho que é uma boa contratação, é barato, tem muita experiência no futebol português, é uma boa alternativa ao Petit e um "pé-canhão" a fazer lembrar o nosso saudoso Isaías.
De saída parece estar o Miguel. Parece-me inevitável. Fica a certeza que todos os benfiquistas passarão a torcer pelo clube que tiver a inteligência de vir buscar um dos melhores laterais direitos da actualidade. A ter que vender um dos craques, parece-me que Miguel é a melhor solução, porque será a que tem mais probabilidades de se encontrar um substituto. João Pereira tem vindo a crescer como jogador e dizem-me que o Alex se portou muito bem no Sábado. Ainda se fala de Nelson (do Boavista) que tem uns óptimos pés.
Quanto ao Luisão, também me parece difícil mantê-lo, mas que era muito bom que ele ficasse lá isso era, apesar das alternativas existentes.
Estou ansioso para ouvir a notícia da dispensa do Paulo Almeida e do Fyssas, e espero que dêem outra oportunidade ao Carlitos. Sobre o Everson, não sei o que pensar...
Contrataçãoes: espero um defesa esquerdo para ter alternativa a Dos Santos (porque não o Rui Jorge?), um médio ala esquerdino, um ponta-de-lança e um nº 10 (Rui Costa, claro!).
Sporting:
Este vai ser definitivamente o ano do equilíbrio financeiro. Como? A ver pelos jogadores que os jornais dão como "vendáveis", vai ser um ano de muito dinheiro a entrar. Ricardo para Inglaterra, Beto para Espanha, Liedson para o Brasil, Douala para França ou Inglaterra. Junte-se o regresso de Hugo Viana ao Newcastle e as dispensas de Rui Jorge e possivelmente Pedro Barbosa para perceber que este vai ser o ano dos juniores...
Mas até começaram bem nas contratações. Edson é uma boa opção.
Porto:
Mais um ano que promete. Saídas de Costinha, Maniche e Seitaridis. Entrada de mais dois sul-americanos e mais um "refugiado da Luz"-Sokota. Junte-se mais uma mudança de treinador (fazem-se apostas para saber quantos meses vai durar) e a continuação da namorada do Pinto da Costa, leve-se ao frigorífico e dentro de alguns meses está pronto mais um 31. Bem feito!
Rogério Charraz

3 de junho de 2005

Fausto Bordalo Dias

Depois do grande auditório do CCB, Fausto prepara-se para apresentar no Coliseu do Porto a "Ópera mágica do cantor maldito".
Sexta-feira passada estive lá, claro. Toda a gente sabe a admiração que tenho por ele. Uma admiração que começou pela apreciação do seu magnífico trabalho e que se solidificou depois de ter tido o privilégio de o conhecer pessoalmente, e de nos ter dado a honra de enriquecer o nosso disco e nos convidar para uma participação no seu mais recente trabalho.
O CCB estava cheio. A primeira parte do espectáculo foi dedicada ao novo disco, deixando para o fim os temas mais antigos. Por decisão do próprio Fausto, os temas do seu mais emblemático disco (Por este rio acima) ficaram de fora do alinhamento. Mais um acto de coragem que comprova (como se fosse preciso!) que estamos perante um autor que estabelece as suas próprias regras. Mas o espectáculo não ficou a perder por isso. Os músico que o acompanham são do melhor que há em Portugal. As músicas são trabalhadas ao pormenor e no espectáculo nada acontece por acaso.
Depois dos primeiro três ou quatro temas, Fausto disse algumas palavras. Entre outras coisas, disse que o concerto iria ter dois convidados (João Afonso e Amelia Muge), coisa que era inédita nos seus espectáculos, e revelou que estava previsto outro convidado que não foi possível por questões logísticas. "Trata-se de um grupo chamado boémia..." , ao que se seguiram alguns elogios que a memória não reteve por claro deslumbramento.
Para nós não era novidade, já que Fausto tinha tido a gentileza de nos ligar uns dias antes do espectáculo. Mas ouvir uma das mais marcantes figuras da música portuguesa, em pleno CCB cheio, falar elogiosamente dos boémia foi uma muito doce consolação!
Aqui fica uma foto do espectáculo...

1 de junho de 2005

Palavras para quê...

Ontem decidi aderir ao passatempo preferido da população mundial. Sentei o meu real assento no sofá, acompanhado da esposa, e toca de ver televisão. Enquanto esperávamos pela novela de eleição da patroa, fixámos a nossa atenção no concurso da RTP1 chamado "Um contra todos". O concorrente tinha 19 anos. Tinha no momento quatro adversários. A pergunta era:
Qual o autor do poema "Trova do vento que passa"?
As opções:
a) Ary dos Santos
b) Manuel Alegre
c) José Sócrates
Quando mudei o canal, já o programa decorria. O rapaz decide então bloquear a resposta a). O apresentador pergunta-lhe o porquê. O rapaz argumenta - o José Sócrates é político, portanto não deve ser. O Manuel Alegre também é político além de escritor, também não me parece. O Ary dos Santos penso que é brasileiro, deve ser ele.
O apresentador ficou um pouco furioso. Indicou que a resposta estava naturalmente errada e perguntou ao concorrente quantos adversários é que ele achava que tinham acertado. Os ditos quatro adversários eram todos mais velhos que o concorrente. Nenhum deles acertou na resposta.
Agora eu (que nasci em 1978) poderia vos falar da importância deste poema e da canção do Adriano Correia do Oliveira no contexto da luta pela liberdade. Poderia lamentar a falta de interesse dos portugueses pela sua história, pela sua cultura, pela sua identidade. Poderia vos explicar que é por estas e por outras que a música que a mim me interessa é uma espécie em vias de extinção. Mas, aqui entre nós, para quê?
Deixo-vos o poema, para aqueles que não conhecem:
Trova do vento que passa
Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.
Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.
Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.
Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
quem vive na servidão.
Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.
E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.
Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.
Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).
Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.
E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.
Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.
E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.
Quatro folhas tem o trevo
liberdade quatro sílabas.
Não sabem ler é verdade
aqueles pra quem eu escrevo.
Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste
em tempo de sevidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.
Manuel Alegre

Rogério Charraz


Direito de resposta

Para não perder meia hora a rebater ponto por ponto os falaciosos argumentos do anónimo sportinguista (que desconfio ser o tio Francisco), respondo com o humor mordaz e certeiro do Luis Afonso.
Relativamente às ajudas da arbitragem, quero só lembrar os meus amigos sportinguistas dos seguintes jogos: Sporting-Belenenses (vitória de 1-0 com um canto cedido por....Polga?!), Sporting-Beira Mar (golo limpinho de McPhee anulado com o resultado em 0-0), Sporting-Académica (expulsão perdoada ao Polga aos 30 e tal minutos), Braga-Sporting (penalty não assinalado sobre o Wender com o resultado em 0-0), Benfica-Sporting (expulsão perdoada a Polga aos 30 e tal minutos por falta sobre Simão e mão na bola). Querem mais? Deixemo-nos de conversas. No final os três grandes são sempre favorecidos.
Rogério Charraz